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Sedentário até os 49, médico se prepara para completar 19ª maratona aos 70 anos

Apaixonado por viajar para correr, doutor Luiz Pimenta conta como mudou hábitos e hoje contagia familiares e pacientes com sua vida dedicada ao esporte

Sedentário até os 49, médico se prepara para completar 19ª maratona aos 70 anos

Completar uma maratona é um sonho que parece distante para muitos corredores. Imagina então fazer isso nada menos do que 18 vezes? O doutor Luiz Pimenta conseguiu. Aos 70 anos, o médico de São Paulo é a prova de que a corrida é um esporte democrático, que não tem idade. Neste domingo, ele vai correr 42km pela 19ª vez. Ao lado dos filhos, vai colocar a Maratona de Paris em seu extenso currículo. E quem pensa que o paulista vai até a França só para completar a prova, está enganado. Luiz tem excelentes tempos registrados, e fechou os tradicionais 42km de Chicago, em 2002, em 3h24. Mas nem sempre foi assim. Mesmo referência em neurocirurgia, Luiz Pimenta foi uma pessoa sedentária até os 49 anos.

– Naquela época eu era um neurocirurgião tradicional, tinha uma vida muito intensa do ponto de vista médico. Fui ao meu cardiologista para um check up, e ele detectou que o colesterol e os triglicérides estavam altíssimos e me disse: “Você é médico, então escolhe, deve ter mais uns três anos de vida do jeito que está”. Me assustei bastante. Nunca tinha ido a uma academia na vida. Foi assim que comecei, aos 49 anos. Encontrei um treinador que disse que o ideal seria eu correr na esteira, mas doía meu joelho e aí comecei a fazer musculação para reforçar a musculatura que eu não tinha. E aí com um grupinho da academia comecei a fazer provas curtas, e em seis meses já fiz a primeira maratona. Foi muito rápido. É incrível como a corrida vicia – contou.

Na Maratona de São Paulo, que também será neste fim de semana, ao lado de um dos filhos (Foto: Arquivo pessoal)Na Maratona de São Paulo, que também será neste fim de semana, ao lado de um dos filhos (Foto: Arquivo pessoal)

Na Maratona de São Paulo, que também será neste fim de semana, ao lado de um dos filhos (Foto: Arquivo pessoal)

E muita coisa mudou na vida do doutor nesses 21 anos de corrida. Hoje, ele pesa 20kg a menos, treina seis vezes por semana, faz musculação para fortalecer e evitar lesões e indica o esporte para todos os seus pacientes.

– Não deixo ninguém em repouso. Tudo o que o corpo não quer é repouso. Manter exercícios é importante, dentro do limite da dor, claro – disse ele, que espalhou fotos de corridas e medalhas pelo consultório para dar exemplo.

Pai de sete filhos e avô de nove netos, Luiz Pimenta não vê a idade como uma questão. No dia a dia, enfrenta dificuldades comuns a maioria das pessoas, como conciliar os treinos com o trabalho e a família, por exemplo.

– Estou com 70 anos, mas consigo correr próximo a pessoas de 50, tanto que já ganhei do meu filho que tem 32 anos. Sem dúvida me sinto melhor hoje do que aos 49 anos – garantiu.

E a corrida se tornou parte tão importante da vida do médico, que é difícil dissociar uma coisa da outra.

– As dificuldades da corrida são bem parecidas com as da vida. Tem corridas que você não consegue acabar, e você tem que entender o seu corpo. Na vida é assim também. Há dias que você perde, mas se recupera e segue em frente. A corrida te relaciona com a vida de uma forma muito importante.

Aos 70 anos, Luiz não pretende parar de correr, nem de fazer maratonas (Foto: Arquivo pessoal)Aos 70 anos, Luiz não pretende parar de correr, nem de fazer maratonas (Foto: Arquivo pessoal)

Aos 70 anos, Luiz não pretende parar de correr, nem de fazer maratonas (Foto: Arquivo pessoal)

Essa relação já levou o paulista aos quatro cantos do mundo. Viajar para correr é a diversão de Luiz Pimenta. Ele já fez provas nos Estados Unidos, na Europa e até no Japão. São muitas medalhas e histórias de sobra para contar…

– Gosto de correr em lugares estranhos. Corri várias provas nos Estados Unidos, algumas em São Paulo, mas corri também Veneza, que foi uma maratona fantástica, que passa por pequenas cidadezinhas italianas, rios… A população vai para a rua, é uma festa muito impressionante. Chicago e Nova Iorque são festas que todos conhecem. No Japão, em Kobi, eu não tinha ideia de que os japoneses eram tão fanáticos por corrida. Uma prova gigante, com músicas japonesas. Tenho experiências por vários lugares do mundo – orgulha-se.

Paris é o próximo destino. Os filhos Rodrigo e Rafael vão acompanhá-lo, e a expectativa é de grande festa pelas ruas da capital francesa. Modesto, o médico diz que não tem grandes pretensões em termos de tempo e vai correr apenas para se divertir.

– Estou muito tranquilo, vou para aproveitar Paris e fazer uma maratona turística. Acredito que eu vá fazer a prova em cerca de 4h. Se for isso, vou ficar bem satisfeito.

Viajar para correr virou a diversão do neurologista (Foto: Arquivo pessoal)Viajar para correr virou a diversão do neurologista (Foto: Arquivo pessoal)

Viajar para correr virou a diversão do neurologista (Foto: Arquivo pessoal)

E no que depender da vontade e da disposição de Luiz Pimenta, muitos outros lugares ainda serão desbravados por ele e seus tênis de corrida. O neurocirurgião admite um dia até abrir mão das maratonas para fazer distâncias menores, mas garante que parar de correr não está nos seus planos.

– Enquanto o organismo permitir, pretendo continuar. Não sei quantas provas mais, nem penso nisso. Não quero parar de correr. Se tiver que parar de correr maratona, tudo bem, me dedico às meias, mas se possível, uma ao ano eu vou continuar fazendo – afirmou.

Alguém duvida?

Família de corredores: expectativa de grande festa pelas ruas de Paris (Foto: Arquivo pessoal)Família de corredores: expectativa de grande festa pelas ruas de Paris (Foto: Arquivo pessoal)

Família de corredores: expectativa de grande festa pelas ruas de Paris (Foto: Arquivo pessoal)

fonte: http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/corridas-e-eventos/noticia/sedentario-ate-os-49-medico-se-prepara-para-completar-19-maratona-aos-70-anos.ghtml