Felix Fisher acolher pedido da PGR, que não encontrou indícios suficientes para dar continuidade às investigações. Delator havia dito que governador do Maranhão recebeu caixa 2 da empreiteira.
Flávio Dino havia sido acusado por delator da Odebrecht de ter recebido R$ 400 mil em caixa 2 (Foto: Tv Mirante)
ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mandou arquivar as citações feitas por um dos delatores da Odebrecht em relação ao governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Fischer atendeu pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), que não viu indícios suficientes para o prosseguimento de uma investigação.
O G1 entrou em contato com a assessoria de Flávio Dino, mas até a última atualização desta reportagem não havia obtido resposta.
Em sua delação premiada com a PGR, o ex-funcionário da Odebrecht José de Carvalho Filho afirmou que o atual governador maranhense pediu, em 2010, R$ 400 mil para defender na Câmara dos Deputados um projeto de lei que beneficiava a empreiteira. À época, Dino era deputado federal.
O projeto, de acordo com o delator, atribuiria segurança jurídica a investimentos do grupo Odebrecht. Carvalho Filho havia afirmado aos procuradores da República que, em um dos encontros com Dino, o comunista também pediu ajuda para sua campanha eleitoral ao governo do Maranhão.
O delator ressaltou ainda que o repasse do dinheiro por parte da construtora foi feito por meio de caixa dois. A senha para receber o repasse, conforme o ex-executivo da Odebrecht, teria sido entregue à época ao próprio Dino. Além disso, ele contou que a operação havia sido conduzida pelo setor de operações estruturadas da construtoras e teria sido registrada no sistema Drousys, que reunia a contabilidade de propina da empreiteira.
A PGR, no entanto, entendeu que havia divergências nas informações prestadas por Carvalho Filho. Na avaliação do Ministério Público, o delator não tinha detalhes da entrega do dinheiro.
Por esse motivo, a Procuradoria considerou que havia “dificuldade praticamente intransponível” de provar o repasse do dinheiro.
À época em que a delação da Odebrecht veio à tona, o governador do Maranhão declarou que era inocente e que jamais atendeu a qualquer interesse da Odebrecht.
“O justo propósito de investigar crimes muitas vezes atinge injustamente pessoas inocentes. É o meu caso. Tenho consciência absolutamente tranquila de jamais ter atendido qualquer interesse da Odebrecht, nos cargos que exerci nos 3 Poderes. Se um dia houver de fato investigação sobre meu nome, vão encontrar o de sempre: uma vida limpa e honrada. Tenho absoluta certeza de que a verdade vai prevalecer, separando-se o joio do trigo. Inevitável a indignação por ser citado de modo injusto sobre atos que jamais pratiquei. Mas infelizmente faz parte da atual conjuntura”, escreveu na ocasião Flávio Dino em uma rede social.