Caso a diminuição não se resolva com a boa alimentação, cardiologista indica tomar medicação à base de estatinas e com o controle regular dos seus efeitos bons e ruins
Algumas perguntas surgiram sobre os artigos anteriores. Em relação ao colesterol ruim (LDL), sua diminuição depende muito de uma dieta com restrições gerais. Caso não se resolva, deve-se iniciar a medicação à base de estatinas e com o controle regular dos seus efeitos bons e ruins. A constatação é de que fazer exercício físico sem dieta controlada (livre de gorduras saturadas) vai gerar pouca modificação.
Também existem dúvidas sobre se é bom ter um coração com a hipertrofia cardíaca fisiológica (crescimento das espessuras e das cavidades). Essa hipertrofia, em qualquer de suas formas, excêntrica ou concêntrica, mostra apenas a adaptação fisiológica, conforme a modalidade esportiva praticada, como a de um ciclista, maratonista ou triatleta.
A forma concêntrica ocorre nos exercícios resistidos (como levantamento de peso, por exemplo) enquanto a excêntrica ocorre nos outros tipos (corridas, natação e ciclismo). O esportista vai apresentar a hipertrofia com o treino regular de musculação e não precisa se preocupar com maiores riscos, desde que não se tenha uma doença cardíaca associada. No futuro, não se deve ter preocupações cardiovasculares só por isso. A longevidade não depende dessa hipertrofia.
Níveis de pressão arterial
Devem ser medidos ao menos uma vez na adolescência, e corrigidos imediatamente com modificações da alimentação. Estando normalizados, deve-se evitar consumo anormal do sal, evitar o ganho de peso e se exercitar regularmente. Um tratamento da hipertensão arterial deve ser contínuo e modificado de acordo com os resultados. Várias associações de medicamentos são necessárias para o controle de algumas pessoas hipertensas, pois se não for modificada acaba em complicações às vezes incapacitantes.
Nunca abandonar o tratamento e nunca fazer exercícios que podem piorar seu objetivo. Na verdade, seguir uma vida saudável é o grande foco a se buscar, uma orientação alternativa mesmo que seja bem organizada, traz um enorme risco. O que interessa é uma vida saudável sempre.
Nas circunstâncias atuais nos preocupa muito os efeitos das emoções no dia a dia das pessoas, relacionadas ao trabalho, despesas e dificuldades financeiras, que podem desembocar em risco aumentado de infarto do miocárdio e derrame cerebral. Não deixe de praticar exercícios físicos regularmente, pois é uma dos principais ferramentas das situações médicas citadas neste artigo.
*As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com
NABIL GHORAYEB
Doutor em Cardiologia pela FMUSP, Especialista em Cardiologia e Medicina do Esporte, chefe do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e do Hospital do Coração, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, além de ter recebido o Prêmio Jabuti de Literatura em 2000. www.cardioesporte.com.br